FP - Nate Asami

Numa vida em que a existência de universos e mundos alternativos são uma realidade, é difícil encontrar pessoas que ainda mantenham os pés no chão e tentem achar lógica nas coisas. Sendo uma dessas pessoas, Nate frequentemente se sente um pouco deslocado do mundo ao seu redor, sempre que possível tentando entender situações e como ou porque elas acontecem. É bastante inteligente em questões lógicas, tendo leitura como um de seus passatempos, mas em quesitos sociais se torna um pouco inapto exatamente por não saber como agir num nível mais sentimental. A maioria de suas amizades acabaram após o fim de seu envolvimento profissional, por isso Nate tende a não acreditar ou ter muita fé que relacionamentos humanos podem ser duradouros. Apesar disso, ainda mantém uma secreta esperança dentro de si de que um dia certamente encontrará um lugar aonde possa se sentir bem vindo e realmente confortável.

A falta de habilidades sociais muitas vezes faz com que seja quase impossível para Nate entender piadas ou sarcasmo, acabando levando-os muito a sério ou analisando-os desnecessariamente, mas isso não quer dizer que não tenha nenhum pingo de senso de humor, geralmente fazendo trocadilhos que acabam sendo entendidos apenas por ele mesmo. Uma das coisas que mais odeia é ser colocado em moldes contra sua vontade, não gosta de ser padronizado e nem de ser comparado com outras pessoas, mesmo que com boas intenções. Nate acredita que cada ser humano tem seu valor, e comparar dois indivíduos naturalmente diferentes apenas leva à limitar seus potenciais e possibilidades. Apesar de ser um pouco individualista e impulsivo- traços que compartilha com seu Digimon-, ele também pode trabalhar em grupo se realmente for necessário, inicialmente sendo um pouco suspeitoso, porém pode aceitar e acreditar nas habilidades de seus companheiros portanto que lhe sejam dadas provas de tal.

Dentro de si acaba por ser um pouco infantil, sua personalidade fria sendo mais uma fachada moldada a partir da necessidade de ser levado à sério, além de guardar também um enorme desejo de conseguir se convencer à acreditar na humanidade. Determinado a provar seu valor, mas apenas na frente de pessoas as quais respeita ou tenta impressionar, pois do contrário apenas prefere ficar no plano de fundo e não atrair muita atenção devido à sua falta de habilidades de comunicação social. No momento, o objetivo de Nate é descobrir seu lugar no mundo, assim como o seu verdadeiro Eu que parece ainda não ter se manifestado completamente.

O fato de que o Mundo Digital- assim como seus paralelos- existia era algo completamente aceito, e de certa forma até glorificado. Existiam pessoas cujos sonhos se resumiam à conseguir encontrar aquele lugar, viver lá, ou ao menos ter a chance de provar para si mesmos que realmente era real. Nate, no entanto, não poderia se identificar menos com tudo aquilo; Para ele, um cético desde sempre, era difícil acreditar em algo que não podia ver ou tocar. Claro, existiam relatos de acontecimentos estranhos alguns anos atrás, pessoas desaparecendo em nuvens de dados ou monstros indescritíveis materializando no mundo real de forma que não deveria ser possível, mas Nate nunca havia estado pessoalmente envolvido em nenhuma dessas situações, muito menos podia acreditar cegamente em histórias faladas que, para ele, não faziam sentido. Sem a existência de provas concretas, era difícil entender todos ao seu redor que pensavam naquilo como algo realista, ainda mais quando sua mente insistia em pensar e analisar diversas teorias sobre como explicar tudo que havia acontecido- os monstros poderiam ser apenas alucinações ou ilusões causadas por situações de extremo stress e fatiga, e as pessoas desaparecidas poderiam simplesmente estarem presas no famoso Cyber Espaço, o qual havia sido extremamente popular naquela época, por mais que hoje em dia estivesse interditado e fosse ilegal tentar qualquer contato com aquele lugar. Nada disso provava, exatamente, que o responsável por tudo seria um mundo alternativo dominado por monstros gigantes ou algo parecido.

Portanto, tendo vivido uma vida relativamente normal até seus 18 anos de idade, Nate não dava a mínima atenção para as notícias ou coisas relacionadas ao Mundo Digital, assim como para as pessoas que acreditavam em tal. Claro, era inegável que uma parte de sua mente procurava mistérios para dissecar, e quase sempre acabava analisando situações relacionadas ao tópico, mas no fim era apenas um pouco de entretenimento para si, não levando realmente a sério. Nate estava completamente convencido de que, para acreditar, teria que viver alguma experiência bizarra pessoalmente; mas não estava pronto para descobrir que seu desejo seria atendido tão cedo. Ao se preparar para as aulas do ensino avançado, no verão, percebeu algo fora do comum em seu celular- um aplicativo que certamente não havia instalado na noite anterior, com um ícone brilhante e chamativo. Por alguns segundos perguntou a si mesmo se havia talvez ativado algum tipo de atualização automática, mas logo descartou a possibilidade ao confirmar que o local raiz do aplicativo não se encontrava nos sistemas operacionais do celular, mas sim em algum tipo de link que para seu computador era impossível de acessar. Com a curiosidade completamente atiçada e vendo algum tipo de mistério logo à sua frente, Nate seguiu seus instintos e clicou no aplicativo mais uma vez, se surpreendendo ao ter a tela do celular completamente apagada automaticamente. O aparelho se recusou a ligar logo após o acontecido, mas por mais que fosse um pouco desesperador pensar que havia quebrado um de seus pertences mais caros, Nate apenas conseguia pensar em como era um desperdício não ter conseguido chegar ao fundo de tudo aquilo. Suspirou desanimado, mas claro que não houve escolha se não apenas continuar sua rotina escolar pelo resto do dia.

Achando que tudo estava perdido, Nate apenas se resignou ao fato de que teria que comprar outro celular, mas acabou surpreso mais uma vez ao tentar liga-lo novamente dias depois, como um último recurso. O celular voltou à vida como se nada havia acontecido, e Nate procurou com certa pressa o aplicativo que havia causado toda aquela confusão, apenas para encontra-lo substituído por um mini icon que agora encontrava-se no menu inferior da tela. Uma única palavra o encarava- "DORU", seja lá o que isso significasse. Ao abrir o ícone, a imagem pixelada de um estranho ovo era a única coisa que podia ver, os botões e funções ao redor escurecidas como se não pudessem ser utilizadas. Aquilo apenas serviu para encucar Nate ainda mais, porém sentia um pouco de alívio ao saber que não precisaria comprar um novo celular afinal, mesmo que aquele update fosse realmente algo estranho.

Os dias se passaram, e com eles as teorias de Nate sobre o que era aquele aplicativo apenas cresciam e se desenvolviam, chegando ao ponto final de que ele deduziu ser apenas algum tipo de aplicativo "Tamagotchi", jogos retro que eram decentemente populares em todo o mundo. Conseguiu se convencer disso após perceber que, com o passar do tempo, o tal ovo que sempre era mostrado na tela se desenvolvia cada vez mais, até rachar e dar a luz à uma estranha criatura roxa e peluda de olhos amarelos. Nate não fazia ideia do que fazer ou o que aquilo significava, nunca havia tido animais de estimação antes e muito menos tinha interesse em animais virtuais como os "Tamagotchi", mas se encontrou completamente sem opções após diversas tentativas falhas de deletar aquele aplicativo. Não queria desistir de se livrar de toda a confusão, mas era impossível não se sentir ao menos um pouco responsável por aquela criatura que parecia tão apegado à Nate, por mais que soubesse que não se passava de códigos e dados de um aplicativo. No fim, semanas depois de se acostumar, começou a acha-lo até fofo de alguma forma, se apegando completamente àquela existência misteriosa que agora habitava seu celular, visitando-o diariamente a cada hora e atendendo às suas necessidades, algumas vezes até indo tão longe como para conversar com a estranha criatura- por mais que se sentisse bobo fazendo aquilo, sabendo que DORU não era uma pessoa de verdade e certamente não entendia as palavras que lhe eram ditas.

A vida permanecia normal apesar de tudo, Nate estava se aproximando do fim de suas aulas de ensino superior e DORU continuava crescendo saudável, tendo crescido ainda mais e passado por um update em que agora podia enviar mensagens de texto na tela como se realmente estivesse respondendo às conversas e palavras que Nate dizia- era um pouco estranho, afinal a criatura quase parecia ter algum tipo de inteligência que era real até demais para ser apenas um simples NPC de um jogo, mas com o avanço da tecnologia não era difícil acreditar que as inteligências artificiais criadas pelos homens haviam chegado naquele nível. Para Nate, tudo ainda estava normal e bem, mas claro que não duraria. Num momento em que estava voltando para a casa da escola, casualmente alimentando DORU com as funções do aplicativo e sorrindo para a tela de seu celular, uma confusão na rua à frente de sua casa chamou sua atenção com a quantidade de pessoas e o barulho que faziam. Aparentemente, após alguma investigação, Nate descobriu que eram algum tipo de grupo revolucionário e que estavam juntando membros para invadirem os servidores do Cyber Espaço, certamente numa tentativa de provar que o Mundo Digital era real. Aquilo fazia com que Nate parasse por um momento, analisando a situação e se perguntando se aquela era a oportunidade que havia esperado por tanto tempo para finalmente ter a chance de saciar sua curiosidade, por mais que negasse todo o tempo, a realidade era que sentia algum tipo de necessidade em confirmar a existência do Mundo Digital, mesmo que aquilo significasse se juntar à esse grupo estranho que provavelmente teriam alguma ligação à terroristas digitais ou coisas do gênero. Ainda assim, hesitou, apertando os punhos e brevemente virando o corpo para a direção contrária, convencido de que aquilo não era algo realmente importante. A tentativa de dar o primeiro passo visando se afastar daquilo foi interrompida, no entanto, por uma única notificação na tela de seu celular.

#DORU: Você não está curioso?

E aquilo foi suficiente para que sua mente tomasse um rumo ainda mais determinado do que antes, fazendo uma volta mais uma vez e se inscrevendo para a excursão que Nate conseguia sentir dentro de si seria onde encontraria todas as respostas que procurava. Não sabia o que diabos era Ilha Elysium, mas certamente descobriria em breve.

Divertido e amigável até certo ponto, Dorumon adora comer e fazer bagunças; Coisa que acaba sendo um tanto problemática para Nate, quem sempre tem que tentar ao máximo controlar as energias de seu Digimon, as vezes obtendo resultados menos do que perfeitos. Apesar disso, é responsável e consegue levar as coisas à sério se for dado um puxão de orelha- as vezes literalmente. Por ainda ser um Digimon relativamente novo, sempre tem uma grande curiosidade e age por impulso se estiver sozinho.